quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Felicidade


A felicidade é o tema da postagem de hoje. Compartilho com vocês mais uma parte da síntese que fiz do livro "Sobre a Felicidade - Uma Viagem Filosófica", de Frédéric Lenoir. Confira:

DA ARTE DE SER VOCÊ MESMO

Quanto a arte de ser você mesmo interfere em sua felicidade? 

Palavra-chave: autoconhecimento

Ser feliz é, antes de tudo, satisfazer as necessidades e as aspirações de nosso ser: um silencioso procura solidão, um falante, a companhia dos outros.

Assim como os pássaros vivem no ar e os peixes na água, cada um deve evoluir no ambiente que lhe convém. Alguns humanos são feitos para viver no ruído das cidades, outros na calma do interior, alguns tem aptidão para a atividade manual, outros intelectual, outros relacional, outros artística. Uns aspiram formar uma família e uma vida de casal, outros a relações diversas ao longo da vida. Ninguém poderá ser feliz se quiser ir contra a corrente de sua natureza profunda.

A cultura e a educação são preciosas, pois nos introduzem a necessidade do limite, da lei, do respeito ao outro. É essencial aprender a se conhecer, a experimentar nossas forças e fraquezas, a melhorar em nós o que pode ser melhorado, mas sem contrariar nosso ser profundo ou nossa essência.

A educação e a cultura podem, por vezes, nos impedir de desenvolver a sensibilidade, nos desviar da nossa vocação ou de nossas legítimas aspirações, ou seja, nos desviar de quem somos.

Isto porque não são os acontecimentos que contam, mas o modo como cada um os sente. 

O ser humano é movido pelo prazer ou pelo significado? 

Palavra-chave: prazer e significado

Freud dizia que o ser humano é movido pelo prazer. Victor Frankl lhe respondeu defendendo uma tese diametralmente oposta: o ser humano é fundamentalmente movido pela busca de sentido.

Longe de se contradizerem, as duas teorias são verdadeiras: a natureza humana o impele a procurar tanto o prazer como o sentido. Ele só é feliz quando sua vida lhe é agradável e se reveste de significado.

Que alcancemos ou não nossos propósitos não é essencial. Não vamos esperar alcançar todos os nossos objetivos para começarmos a sermos felizes. O caminho é mais importante que o fim: a felicidade vem da caminhada. Mas a viagem nos torna mais felizes se sentimos prazer em progredir, se o destino para o qual nos encaminhamos é identificado e se ele responde as mais profundas aspirações do nosso ser.

Dar sentido à vida

Palavra-chave: escolhas

Ser feliz é aprender a escolher. Escolher os lazeres, os amigos, os valores nos quais basear sua vida.

Viver bem é aprender a não responder a todas solicitações, a hieraquizar suas prioridades. O exercício da razão permite estabelecer coerência em nossa vida em função dos valores e dos fins que buscamos. Preferimos escolher tal prazer e renunciar a outro porque damos um sentido à nossa vida, isto é, damos direção e significado.

Qual é o sentido da vida? 

Palavra-chave: propósito ou direção

Não acredito que possamos falar do “sentido da vida” de modo universal, válido para todos. Em geral, a busca do sentido se traduz concretamente por um engajamento na ação e nas relações afetivas.

A construção de uma carreira profissional exige a escolha de uma atividade que nos convenha, na qual possamos desabrochar e o estabelecimento de um propósito e de objetivos a atingir.

O mesmo acontece nas relações afetivas: se decidimos construir uma família e criar filhos, organizamos nossa vida em função dessa decisão e nossa família dá sentido à nossa existência.

Outros dão sentido à sua vida ajudando o próximo, lutando para reduzir as injustiças, dedicando tempo aos desfavorecidos. Os conteúdos do “sentido” podem variar de um individuo para outro, mas todos nós constatamos que é necessário para construir a vida determinar um propósito, uma direção, dar-lhe um significado.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Gotas de felicidade


Fui uma das organizadoras do III International Happiness Forum, realizado em São Paulo nos dias 2 e 3 de setembro deste ano. Portanto, a felicidade será o tema das próximas postagens do Chama Acesa. Compartilho com vocês parte da síntese que fiz do livro "Sobre a Felicidade - Uma Viagem Filosófica", de Frédéric Lenoir. Confira:

SOBRE A ARTE DE ESTAR ATENTO...E DE SONHAR

Como o nível de consciência afeta a nossa felicidade?

Palavra-chave: consciência 

Quanto mais temos consciência de nossas experiências positivas, mais nosso prazer e nosso bem-estar aumentam.

A consciência nos permite “saborear” a nossa felicidade.

Como o viver no passado, presente e futuro afetam a nossa felicidade?

Palavra-chave: Aqui e agora

Nossa felicidade é alimentada pela qualidade da atenção que damos ao que fazemos.

A felicidade só se experimenta no instante presente.

Neurocientistas puderam demonstrar que as zonas do cérebro ativadas quando nos concentramos em uma única experiencia são diferentes das ativadas quando nosso espírito vagueia e rumina diversos pensamentos.

A meditação, o mindfulness ou a atenção plena nos ajudam a manter a felicidade?

Palavra-chave: atenção plena

É possível estabelecer uma ligação entre atenção/concentração e bem-estar, e ruminação/vagueação e mal-estar, identificando-se assim a ancoragem cerebral destes humores.

A meditação, mindfulness ou atenção plena, foi criada há 20 anos por Jon Kabat-Zinn, inspirada nos fundamentos budistas.

A experiencia da meditação silenciosa permite manter a atenção, tranquilizar o mental e, nesta interação entre corpo e espírito, a tranquilidade se expande ao mesmo tempo para o organismo e para as emoções.

Estudos revelaram que a meditação ativa as ondas gama do cérebro, que se tornam mais intensas e aumentam a plasticidade cerebral, ou seja, a tendencia dos neurônios estabelecerem mais conexões.

Se a prática regular da meditação pode ajudar a viver em “plena consciência”, cada experiência do cotidiano também pode ser fonte de bem-estar e trazer efeitos similares.

Se estamos no momento presente quando preparamos uma refeição, quando comemos, quando andamos, quando trabalhamos, quando ouvimos música, em vez de realizarmos estas tarefas pensando em outras coisas ou deixando nossa mente vaguear de uma preocupação a outra, cada momento do cotidiano pode se tornar fonte de felicidade.

Qual o nosso maior desafio para conquistar e manter a felicidade?

Frequentemente não vivemos no presente. Deixamos nosso pensamentos devanearem para o passado ou para o futuro.

Fazemos várias coisas ao mesmo tempo. Ruminamos diversas preocupações enquanto trabalhamos.

Superativa, a vida moderna só faz acentuar essas tendências, causando o crescimento exponencial do estresse, da fadiga crônica, da depressão, da angústia em nossa sociedade.

Ao contrário, uma melhor atenção ao que fazemos, às sensações, às percepções, ao desenrolar da ação pode mudar uma vida.

A descontração nos auxilia a diminuir o estresse?

Palavra-chave:livre associação de ideias

No entanto, da mesma forma que, para nosso espírito se equilibrar ele precisa ser concentrado e atento, ele também necessita vagar ao sabor dos humores, das inspirações, das associações de ideias.

Semelhante “descontração” é diferente de “ruminação”, que consiste geralmente em se concentrar num remorso do passado, numa angustia do futuro e como consequência, em um acréscimo de emoções negativas.

A nossa felicidade depende da concentração e da descontração?

Nosso espírito tem, portanto, necessidade tanto de se concentrar, de ser atento, quanto de relaxar e de se regenerar pelo silencio interior -fruto da meditação- mas, também pelo devaneio, pela imaginação. Afinal, é relaxando a mente que surgem soluções para nossos problemas, as mais luminosas ideias, as intuições.

Se nossa felicidade depende muito de nossa capacidade de viver no instante presente, ela depende também de nossa aptidão para nos lembrarmos dos momentos felizes de nossa vida. A vagueação do espírito no passado produz infelicidade quando ela vai buscar lembranças negativas, remorsos ou arrependimentos, mas oferece uma rara felicidade quando recordamos dos momentos felizes.

A felicidade se alimenta da consciência de ser feliz.