quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Mindfulness - Aqui e agora!


Você já ouviu falar em mindfulness? Também chamada de atenção plena, a técnica de autoconhecimento propõe que a pessoa se conecte de corpo e alma naquilo que está fazendo no momento presente, seja uma atividade rotineira, uma nova experiência ou até para se aquietar. Dei uma entrevista sobre o assunto para a edição de janeiro da revista Máxima. Confiram trechos da reportagem "Aqui e Agora!", assinada por Patrícia Affonso, e minhas explicações para se aprofundar no assunto:

Trechos da reportagem

"Todos os dias, somos bombardeados por um sem-número de informações e afazeres. Na ânsia de dar conta de tudo, acabamos nos envolvendo em mais de uma coisa ao mesmo tempo - dividindo nossa atenção e empenho - e muitas vezes acionando o famoso piloto automático. Sabe aquele modo de funcionamento no qual a gente mal se dá conta da atividade que está executando? 'O piloto automático não nos coloca inteiros naquilo que estamos fazendo. Assim, sem que a gente perceba, nos rouba a capacidade de escolha e nos leva a repetir comportamentos que nos incomodam, mas dos quais só nos damos conta mais tarde, quando o mal-estar por não termos feito diferente surge', afirma a educadora especialista em autoconhecimento Jamile Coelho (SP)". 


"Existem muitos cursos para quem deseja se aprofundar na prática - os mais famosos propõem oito semanas de vivência. Mas o sucesso do mindfulness é tamanho que não faltam bons livros e até mesmo meditações guiadas na internet para quem quer começar. 'A atenção no momento presente é uma habilidade existente em todos nós e pode ser desenvolvida em qualquer fase da vida', garante Jamile." 

Entenda a prática do mindfulness

O que é?
Mindfulness, atenção plena ou meditação é conseguir atuar como observador de seus pensamentos, sem se identificar com eles. Isto possibilita você estar conectado de corpo e alma naquilo que está fazendo no momento presente, seja uma atividade rotineira, uma nova experiência ou até simplesmente uma proposta de se aquietar.

Estamos distantes deste estado de atenção porque temos muitos estímulos externos que nos solicitam e não desenvolvemos esta capacidade de nos voltarmos para dentro, para aquilo que pensamos e verdadeiramente sentimos diante de situações e pessoas no cotidiano.

Fazer as coisas no piloto automático não nos coloca inteiros no que estamos fazendo, tira a nossa capacidade de escolha e nos leva a repetir comportamentos que, muitas vezes, nos incomodam, mas que percebemos só depois que aconteceu, pela sensação de mal estar que aparece quando estamos sozinhos e colocamos a cabeça no travesseiro.

A importância de focar no presente é que ele é a única garantia que temos do que estamos vivendo. Na verdade, não temos controle sobre nada e ninguém. A nossa mente acredita neste controle e parece um macaquinho pulando de cá para lá, normalmente transitando entre passado ou futuro, sempre ligada ao tempo. Desta forma, não usufruímos verdadeiramente do que estamos vivendo porque não estamos inteiros naquilo que fazemos.

O mindfulness auxilia o autoconhecimento porque aquieta a mente e nos aproxima de quem verdadeiramente somos.

Viver agora
O passado já aconteceu, já foi e não volta mais. As boas lembranças podem nos dar prazer, mas normalmente temos a tendência de nos fixar naquilo que deu errado, nas sensações e emoções negativas. Essa postura de se fixar no negativo acontece porque fomos educados em uma cultura do medo, que cultiva e forma atitudes reativas que nos levam a assumir o papel de vítima e faz com que procuremos “culpados” por tudo que nos acontece. Li em um livro que todos temos dor, mas que sofrimento é uma escolha de permanecer e cultivar a dor.

A expectativa do futuro se estiver conectada ao medo da sobrevivência ou à ilusão que o melhor vai acontecer sempre depois, também nos atrapalha viver o momento presente.

Portanto, viver no passado ou no futuro nos tira do momento presente, no qual realmente podemos fazer algo por nós mesmos. Uma educação para a vida que tem como base o autoconhecimento forma atitudes proativas, que nos levam a fazer foco na solução e não no problema, e nos coloca como protagonista para resolver.

Busque a simplicidade
A vida hoje é tão estressante e digo isso observando o dia a dia de crianças, jovens e adultos, com excesso de atividades e compromissos que os levam para longe da simplicidade, de fazer algo corriqueiro só pelo prazer de fazer. A criança precisa utilizar um tempo livre para brincar do que quiser, inventar, criar. Quando a gente vê uma criança brincando desta forma ela está totalmente presente no que faz. Escutar uma música, ler um livro, cuidar de uma planta, passear com o cachorro, limpar a casa, cozinhar, fazer um artesanato, caminhar, cumprimentar uma pessoa quando entramos no elevador. Faça qualquer uma dessas pequenas grandes coisas por escolha, com a atenção direcionada, sem pressa, sem pressão.

Mindfulness para todos

Com certeza, trazemos esta habilidade dentro de nós e isso pode ser desenvolvido em qualquer etapa da vida. Já está comprovado que experiências de atenção plena ou meditação para crianças, jovens e adultos trazem inúmeros benefícios em termos de saúde e qualidade de vida.

Pessoas na maturidade estão procurando viver de forma ativa, sentindo-se úteis, fazendo escolhas mais alinhadas com seu perfil e momento de vida. Uma grande maioria dos adultos vive insatisfeito com o que faz e precisa buscar caminhos e recursos que os levem a viver com mais significado e propósito. Os jovens são receptivos a tudo que os ajude a entrar em contato com as emoções e necessitam disso.

E como educadora afirmo: a criança responde muito bem, pois se conecta com sua essência mais facilmente do que o jovem e o adulto. Por que então não começar a desenvolver esta habilidade o quanto antes? Por que não desenvolver uma educação para a vida? O mindfulness é uma prática que pode e deve ser desenvolvida em qualquer etapa da vida.

Benefícios do mindfulness
O mindfulness ou a meditação interfere no ser humano como um todo: no físico, mental, emocional e comportamental. E hoje é um dos recursos da medicina integrativa que vem sendo utilizado em vários hospitais. 

Ajuda a diminuir o nível de estresse, que se manifesta no corpo com sintomas diversos e doenças crônicas. Na mente, nos leva à dispersão e à falta de foco. No emocional, alimenta a ansiedade que nos desequilibra e nos tira do momento presente. No comportamental, nos conduz a atitudes que vão para o excesso ou para a falta, ou seja, dois extremos. Exemplos: comer demais ou não comer nada, dormir demais ou ter insônia, euforia ou depressão. E esses comportamentos acabam se tornando hábitos, pois viram canais não-saudáveis para liberar o estresse.

Dicas para começar
- Entre as atividades do dia de trabalho, escolha aquela que mais lhe dá prazer e, quando estiver fazendo, se conecte totalmente com ela;

- Faça pausas entre as atividades, procurando alguma forma de relaxamento e conexão consigo mesmo;

- Ao fazer uma atividade física de que gosta, faça foco somente nela, praticando uma meditação ativa. Pode ser desde uma aula de ioga, um jogo de tênis ou até uma corrida;

- Ao cozinhar, utilize todos os sentidos, degustando com prazer e alegria;

- Sente-se e leia um livro sem sentir o tempo passar;

- Na hora de tomar banho, sinta a água no corpo, a temperatura e o bem que aquilo lhe traz;

- Sinta o prazer de ser útil ao fazer um trabalho voluntário; 

- Sente-se em um lugar de forma relaxada e observe o céu e deixe brotar aquele sentimento de gratidão pela vida;

- Se estiver enfrentando uma situação estressante, procure um lugar tranquilo para expressar a emoção e se equilibrar. Se gostar da natureza, vá a um parque e observe como a natureza nos ensina a fechar ciclos sem dor;

- Receba reiki, benção, passe ou johrei, que atuam com a energia das mãos;

- Pratique meditação visualizada com um grupo, além de outras atividades que tranquilizem a mente, como ioga e tai chi chuan.

Sobre mim - Jamile Coelho
Sou consultora de projetos educacionais e sempre acreditei em educação para a vida, autoconhecimento e inovação. Enfrentei o câncer quatro vezes e criei o Projeto Chama Acesa para ajudar quem está em busca do caminho da cura. Confira minha história e meu trabalho no site www.jamilecoelho.com.br.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Curador ferido transforma dor em uma ação de amor


Uma amiga psicóloga utilizou o termo "curador ferido" e fiquei muito impressionada com o significado, o que teve um sentido especial para mim. Confira abaixo meu texto reflexivo sobre  o assunto:

Curador todos nós somos. Mas nem sempre temos consciência disso.

O processo de cura é um caminho individual com os movimentos necessários para que o aprendizado de cada um aconteça no seu tempo, no seu ritmo, de acordo com as escolhas que faz. Só que ao nosso lado aparecem sinais intuitivos para nos mostrar recursos que podemos utilizar para percorrer o nosso caminho de cura.

Mas por que será que muitas vezes não enxergamos esses sinais? Algumas vezes achamos que isto é imaginação. Em outras, nem damos importância, porque estamos muito no mental, querendo encontrar explicações; ou porque estamos nos vitimizando, olhando tanto para o nosso sofrimento que pensamos que ele é o maior do mundo.

A visão interna está sem foco para encarar a verdade, porque estamos olhando pra fora e o que a doença quer nos avisar é que precisamos olhar pra dentro. Que precisamos nos guiar pela dor para encontrar onde em nossa vida estamos muito distantes de quem somos. É neste lugar que vamos encontrar um mal-estar, porque é isso que sentimos quando estamos indo contra a nossa alma, a nossa essência.

Este caminhar por dentro é um trajeto de ganho de consciência pela dor que nos leva ao amor, amor por nós mesmos. É um caminho de autoconsciência e cura.

E se surgir em nossa vida um curador ferido para nos dar alento e lucidez neste caminho de autoconsciência e cura? 

O curador ferido é uma pessoa que conheceu este caminho na pele, no corpo e no coração, porque também foi chamado para viver a doença em algum momento da vida. Ele também estava distante de sua alma. Ele também lutou muito para ter a coragem de percorrer o caminho da dor e encontrar a verdade. Ele sentiu e viveu a dor da impotência diante de algo que nos leva próximo ao nosso maior medo: o medo da morte. E sentiu isto de forma tão intensa que transformou sua dor em uma ação de 
amor para servir outras pessoas.

Assim nasceu o Projeto Mamas do Amor, o Projeto Mechas do Amor e inúmeros outros. Eles nasceram por curadores feridos. Quando encontramos um sentido maior depois de enfrentar uma doença e o materializamos com o intuito de utilizar aquela experiência para servir outras pessoas que estão percorrendo o mesmo caminho, estamos cumprindo o propósito daquela experiência em nossa vida.

Eu me tornei uma curadora ferida quando nasceu o Projeto Chama Acesa. E este projeto só poderia ter este nome porque representa a minha maior habilidade, que é o entusiasmo que coloco em tudo que faço. Ouvi vários depoimentos de pessoas que conviveram ou convivem comigo e todas falam do meu entusiasmo. Então é esta característica ou habilidade que nasce de dentro de mim com tanta fluidez que quero e preciso continuar utilizando para manter acesa a chama da vida onde eu estiver e com quem eu encontrar.

Sobre mim - Jamile Coelho
Sou consultora de projetos educacionais e sempre acreditei em educação para a vida, autoconhecimento e inovação. Enfrentei o câncer quatro vezes e criei o Projeto Chama Acesa para ajudar quem está em busca do caminho da cura. Confira minha história e meu trabalho no site www.jamilecoelho.com.br.