quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Ioga e as sensações


Nesta semana, vamos falar de IOGA. Compartilho com vocês texto escrito por Alexandre Viola, meu professor de ioga:

Atualmente, na sociedade em que vivemos, voltada para o consumo, estamos acostumados a ter experiências sensoriais intensas. Buscamos por isto. A música é agitada; o filme tem que ser eletrizante, com muita ação e violência; a novela com muitas intrigas e discussões. Nosso paladar está habituado a alimentos excessivamente doces, salgados ou gordurosos. No computador, realizamos diversas tarefas ao mesmo tempo.

O volume de informações que recebemos em um único dia, hoje, equivale ao mesmo que nossos ancestrais levavam uma vida inteira para acessar. E nosso sistema nervoso é basicamente o mesmo de nossos antepassados. O fato é que viciamos este sistema a um excesso de estímulo. Reclamamos do estresse, mas no fundo somos dependentes dele. Nas horas de lazer, buscamos atividades estressantes. Depois da semana intensa de trabalho, em vez de optarmos por atividades relaxantes, muitas vezes optamos por mais estresse. Vamos ao shopping, e enfrentamos trânsito e filas, para ser expostos a milhares de produtos e serviços que aguçam nossos sentidos.

Até mesmo quem procura por atividades como ioga, muitas vezes espera encontrar algo que lhe proporcione uma experiência intensa e, assim, acaba se decepcionando. Não vê nenhuma luz, não sai levitando, nada de extraordinário acontece. É como alguém que está habituado a comida muito salgada e por ordens médicas é obrigado a comer praticamente sem sal. De início, o alimento parece sem graça e sem gosto. Conforme se habitua a comer desta forma, o paladar acostuma-se e então a pessoa passa a sentir mais o sabor dos alimentos e a perceber nuances de sabor cada vez mais sutis. 

Alguém que procura a prática de ioga em busca de experiências extraordinárias e intensas ou da obtenção de resultados rápidos e não encontra, mas mesmo assim persiste, é possível que, gradualmente, aprenda a entrar em contato com sensações cada vez mais sutis: o toque do ar nas narinas, calor em alguma região do corpo, movimentos respiratórios em regiões incomuns, etc. Estas percepções vão se tornando mais e mais sutis. Isto tem por objetivo trazer a mente para o momento presente. Treinando estas percepções, a mente torna-se, gradativamente, mais concentrada e introspectiva. Persistindo, o praticante realmente não vai ver luzes, aprender a ler mentes, nem mesmo, para ser mais um pouco mais realista, ficar mais “sarado”. Vai, na verdade, encontrar consigo mesmo. Vai perceber quem é de verdade, e qual sua própria essência. Não tem mágica, não tem milagre, não se trata de nada extraordinário.

E quem nós somos de verdade? Não existe resposta pronta. Cada um deve procurar dentro de si mesmo. A ioga afirma que, se conseguirmos silenciar nossa mente, aí sim nos depararemos com o que somos de verdade.

Agora, a instrução do Yoga.

O Yoga é a supressão das modificações da mente.

Então, obtém-se a permanência do Ser em sua própria natureza.

(Yoga-Sutra – Patañjali)

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