quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Autoaceitação é o caminho para evolução


Compartilho o belo texto de Patricia Gebrim sobre autoaceitação. Confiram e comentem:

É incrível o quanto perdemos de tempo e energia tentando acertar, tentando encontrar o caminho certo, a atitude correta. Deixamos de ser quem de verdade somos e assumimos máscaras e papéis tentando fazer o que acreditamos ser o que esperam de nós.

Nos esquecemos que a única maneira de evoluir precisa passar pela aceitação de nós mesmos, não importa em que etapa do caminho estejamos. Precisamos das experiências, do aprendizado. Melhor cometer seus próprios erros do que os acertos de outros. 

Ah, se soubéssemos... Se soubéssemos que a vida não nos quer santos, nem pecadores, nem reclusos, nem expostos, nem mundanos, tampouco luminosos. A vida só nos quer reais.

A vida quer a coragem de nos virarmos do avesso, sem medo de mostrar o que adormece em nosso íntimo.

A vida quer a inteireza daquele que se apropria do pesadelo que habita sua caverna. Quer a sutil delicadeza daquele que floresce as sementes que tem no peito. Todos temos no peito um jardim, caso ainda não saibam.

No exato instante em que acontece o casamento sagrado entre o ser e o estar, a separação se dissolve em um sentimento de profunda inteireza. É quando vem a paz.

Outro dia, caminhando por uma trilha na natureza, de um instante para o outro senti tudo ficar sagrado. Me veio a sensação plena e contundente de que tudo estava vivo, e esse foi um dos momentos mais intensos da minha existência. Como explicar algo assim? A fotografia é sempre um reflexo, e por mais bela que seja, lhe escapa a alma, que não se deixa aprisionar.

A beleza não está no momento em si, no nascer do Sol, no sorriso da criança, no salto do golfinho... A beleza está na intensidade do todo que se manifesta naquele momento. No fato de que, por um instante, tudo se conectou, nessa teia indestrutível que é a vida. O momento é a porta, mas é a profunda conexão da vida que nos arrebata. A beleza transformadora está na súbita consciência de que já está tudo aqui. Agora. Sempre esteve. Sempre estará. Nada falta. Nada morre. Tudo é. 

Por isso, talvez, naquele dia enquanto caminhava eu senti que estava tão plena que poderia até morrer. Linda forma de morrer. Morrer de beleza.

O que fazer quando o cinza toma conta de sua vida?


Nesta semana, vamos falar sobre estado de espírito, quando o "cinza" toma conta de nós. Compartilho com vocês texto da Patricia Gebrim:

Qualquer um de nós pode ser, vez ou outra na vida, tomado por um lado sombrio que torna tudo cinza ao nosso redor. Quando isso acontece, como se estivéssemos doentes de alma, enxergamos sempre o pior de cada situação. Nesse panorama sombrio, nos sentimos aprisionados, encurralados, como se na vida não houvesse saída.

Você já encontrou alguém assim? A pessoa fica tão paralisada naquele lugarzinho apertado dentro de seu próprio sistema de crenças que, por mais que tentemos lhe dar opções, ela sempre responde com: 

- Pode ser que você esteja certo, mas...

Olhando de fora vemos que existem sim saídas, e percebemos que as coisas não são tão negras como aquela pessoa parece acreditar. Mas, por mais que tentemos aliviar o peso da situação ou sugerir caminhos para uma melhora, a pessoa parece não ser capaz de enxergá-los. Responde sempre com um “mas”, seguido de uma justificativa que inviabiliza a solução. É como se, de alguma forma, ela quisesse permanecer lá, naquele lugar horrendo de dor e frustração. E nós, que tentamos exaustivamente ajudar, acabamos por nos sentir frustrados, quando não irritados... e muitas vezes acabamos por desistir de ajudar. Como se a pessoa fosse um saco sem fundo, vemos que nossas sugestões são tragadas, uma a uma, caindo num buraco negro que existe lá no fundo do saco. (Devem estar flutuando em algum canto do Universo numa hora dessas...) Ah... que cansaço isso dá!

Sabemos que para sair desse buraco é necessário que se mantenha o equilíbrio, que se tenha paz para raciocinar com clareza, que se tenha atenção para pescar uma solução criativa nesse rico mar que é nosso inconsciente, cheio de belezas e tesouros. É preciso compreender que de nada adianta sobrecarregar a própria vida com esse peso mortal que destrói a leveza das ideias, que afasta de nós toda a alegria e o encantamento.

Quando tornamos tudo sério e grave dentro de nós, acabamos por projetar essa carga ao nosso redor, e logo nos percebemos rodeados por uma sensação densa e ruim, oprimidos e esmagados por uma realidade que nós mesmos criamos. Logo estamos nos sentindo completamente desesperançosos, impacientes com tudo e com todos, nos tornando parecidos com máquinas ambulantes produtoras de reclamações e mau humor. O brilho de nossos olhos se apaga e ganhamos uma espécie de peso, como se estivéssemos atados a enormes bolas de ferro que nos prendem cada vez mais ao chão, nos afastando do suave mundo onde pulsam infinitas soluções criativas, nos afastando daquela camada sutil cheia de novas ideias que flutua leve, bem acima de nossas cabeças e que poderia nos tirar desse estado incômodo e assustador.

Se ao menos fôssemos capazes de olhar para cima, se parássemos de, obsessivamente, catalogar as pedras e obstáculos ao nosso redor, enxergaríamos saídas, seríamos ajudados a flutuar e, como leves pássaros, seríamos soprados em direção a outras realidades, mais amenas, mais gentis, mais livres.

Se você quer mudar sua vida, precisa concordar em abandonar essa atitude que tem mantido você atado a uma vida que não lhe traz felicidade, Não importa o que você tenha criado em sua vida, a solução reside em uma palavra: desapego. Você não pode mudar o passado, mas pode se desapegar dele, deixá-lo para trás. Não perca tempo tentando entender, catalogando tudo, ou recriminando a si mesmo pelas escolhas errôneas que fez em sua vida. Isso de nada ajuda! Foque-se completamente no presente, seja amoroso e compassivo para com seu próprio Eu. Perdoe as atitudes que tenha tomado e que lhe tenham feito mal. Isso já passou. Olhe para cima, para o novo e permita-se construir uma nova realidade onde se sinta mais leve. 

O mundo terá a gravidade que você decidir lhe dar. Você não precisa mudar o mundo. Mude a si mesmo, e o mundo se transformará antes que você consiga compreender como isso pode ter acontecido.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Ioga e as sensações


Nesta semana, vamos falar de IOGA. Compartilho com vocês texto escrito por Alexandre Viola, meu professor de ioga:

Atualmente, na sociedade em que vivemos, voltada para o consumo, estamos acostumados a ter experiências sensoriais intensas. Buscamos por isto. A música é agitada; o filme tem que ser eletrizante, com muita ação e violência; a novela com muitas intrigas e discussões. Nosso paladar está habituado a alimentos excessivamente doces, salgados ou gordurosos. No computador, realizamos diversas tarefas ao mesmo tempo.

O volume de informações que recebemos em um único dia, hoje, equivale ao mesmo que nossos ancestrais levavam uma vida inteira para acessar. E nosso sistema nervoso é basicamente o mesmo de nossos antepassados. O fato é que viciamos este sistema a um excesso de estímulo. Reclamamos do estresse, mas no fundo somos dependentes dele. Nas horas de lazer, buscamos atividades estressantes. Depois da semana intensa de trabalho, em vez de optarmos por atividades relaxantes, muitas vezes optamos por mais estresse. Vamos ao shopping, e enfrentamos trânsito e filas, para ser expostos a milhares de produtos e serviços que aguçam nossos sentidos.

Até mesmo quem procura por atividades como ioga, muitas vezes espera encontrar algo que lhe proporcione uma experiência intensa e, assim, acaba se decepcionando. Não vê nenhuma luz, não sai levitando, nada de extraordinário acontece. É como alguém que está habituado a comida muito salgada e por ordens médicas é obrigado a comer praticamente sem sal. De início, o alimento parece sem graça e sem gosto. Conforme se habitua a comer desta forma, o paladar acostuma-se e então a pessoa passa a sentir mais o sabor dos alimentos e a perceber nuances de sabor cada vez mais sutis. 

Alguém que procura a prática de ioga em busca de experiências extraordinárias e intensas ou da obtenção de resultados rápidos e não encontra, mas mesmo assim persiste, é possível que, gradualmente, aprenda a entrar em contato com sensações cada vez mais sutis: o toque do ar nas narinas, calor em alguma região do corpo, movimentos respiratórios em regiões incomuns, etc. Estas percepções vão se tornando mais e mais sutis. Isto tem por objetivo trazer a mente para o momento presente. Treinando estas percepções, a mente torna-se, gradativamente, mais concentrada e introspectiva. Persistindo, o praticante realmente não vai ver luzes, aprender a ler mentes, nem mesmo, para ser mais um pouco mais realista, ficar mais “sarado”. Vai, na verdade, encontrar consigo mesmo. Vai perceber quem é de verdade, e qual sua própria essência. Não tem mágica, não tem milagre, não se trata de nada extraordinário.

E quem nós somos de verdade? Não existe resposta pronta. Cada um deve procurar dentro de si mesmo. A ioga afirma que, se conseguirmos silenciar nossa mente, aí sim nos depararemos com o que somos de verdade.

Agora, a instrução do Yoga.

O Yoga é a supressão das modificações da mente.

Então, obtém-se a permanência do Ser em sua própria natureza.

(Yoga-Sutra – Patañjali)

Benefícios da Alimentação Ayurvédica


O tema desta semana é a alimentação ayurvédica. Compartilho com vocês entrevista da especialista no assunto Silvia Perotti para a revista VivaSaúde:

A Ayurveda vem ganhando espaço entre as pessoas que procuram uma rotina saudável. Baseada no sistema filosófico Sankhya e na teoria dos cinco elementos: éter, ar, fogo, água e terra. A chef Silvia Perotti, especialista em alimentação ayurvédica resume esse conceito: "é um conjunto de conhecimentos milenares que nasceu na Índia, através da observação da natureza, dos seres vivos, e da relação entre todas as coisas".  Confira entrevista com a profissional e entenda tudo sobre essa terapia:

Qual é o objetivo da alimentação ayurvédica?
A alimentação Ayurvédica tem o objetivo de nutrir nosso ser (mente, corpo e emoção), levando em consideração as diferenças naturais de cada indivíduo. Cada um de nós possui uma natureza energética alimentar que na Ayurveda chamamos de Dosha. Ao conhecer sua natureza é possível adequar sua alimentação e a rotina a essas características pessoais, possibilitando melhor equilíbrio, melhor performance e maior disposição para viver.

Como é feita a indicação de cardápio para cada indivíduo?
O cardápio é baseado nas características e necessidades individuais, e leva em consideração a época do ano, estilo de vida e a idade da pessoa. Os alimentos são escolhidos de acordo com a disponibilidade da estação, energia e sabor. 

Qual seu maior diferencial?
O segredo é variedade e observação. Nosso corpo fala, sabe aquilo que nos faz bem. A alimentação ayurvédica é preventiva, e promove a autorrecuperação, basta estar alerta para os sinais. Durante e após as refeições, a qualidade do sono, e todas as fases do nosso processo digestivo são a chave.

Quando fazemos uma prescrição, não só montamos um cardápio, mas também ajudamos e suportamos os indivíduos no seu processo de autoconhecimento. E é esse conceito ayurvédico que permite transformar uma recomendação alimentar em estilo de vida.

Ela é indicada para auxiliar no emagrecimento? 
A alimentação ayurvédica não tem como objetivo o emagrecimento, mas o equilíbrio do corpo. A redução de peso – se for o caso – pode ser resultado de uma alimentação saudável, equilibrada, aliada à qualidade de vida. A alimentação ayurvédica não deve ser entendida como dieta, mas como um estilo de vida, onde se busca o respeito aos itens da natureza e as características de cada indivíduo.

As pessoas acabam emagrecendo quando elas simplesmente abdicam do processo de controle. Aceitar a própria natureza é também sair de processos restritivos, que em geral geram compulsão.

Ela é indicada para qualquer pessoa?
Sim. Vegetarianos, veganos, carnívoros, pessoas comuns ou com necessidades especiais. A Ayurveda é o retorno ao que é simples. É o caminho para a autorrealização através do nosso próprio potencial.



sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Celebrar sempre


Assino a revista Claudia há muito tempo e gosto muito da variedade de artigos e matérias que ela traz. E já não é a primeira vez que utilizo no Chama Acesa os textos da Marcia de Luca, pois tudo que ela escreve se alinha profundamente com aquilo que acredito para minha vida neste momento. O tema deste mês foi "celebre todo dia". Por que não celebrar mais, transformando coisas simples que podem enfeitar e dar mais cor à nossa vida?

Marcia lembrou muito bem que precisamos criar nossos próprios rituais e que o Pequeno Príncipe perguntou para a raposa: "O que é um ritual?". E ela respondeu que ritual é aquilo que faz com que um dia (ou um momento) seja diferente dos outros e se torne especial, com ingredientes para serem lembrados para sempre.

Os povos da antiguidade tinham a tradição de celebrar, com atenção e intenção, todas as coisas fundamentais da vida, disse Marcia de Luca. Mas, com o tempo, fomos perdendo a dimensão desse conceito e o costume de colocá-lo em prática.

Precisamos resgatar essa tradição esquecida e voltar a celebrar mais e sempre. Rituais nos ajudam a focar no momento presente, a vivenciar o aqui e o agora, e a acalmar a nossa mente. Só que, para celebrarmos com o coração, precisamos colocar ali uma emoção verdadeira.

De manhã, quando chego ao Espaço Educacional, observo as flores que brotaram (e tem uma orquídea maravilhosa em que aparece uma nova flor a cada dia), adoro ouvir os passarinhos que cantam tal qual um coral agradecendo pelo dia que começou. Cumprimento a Meire que já está fazendo um cafezinho gostoso e sinto o cheiro do pão de queijo que está começando a assar. Isso é um ritual que me transmite muita energia para aquele novo dia de trabalho que está começando. E como sou grata! Neste início de semestre, nós do Espaço Educacional temos muito a celebrar: a energia, a união da equipe, a criatividade que se expande a cada dia e torna nossa convivência um ritual de harmonia. Sou grata!

Eu me inspirei na Marcia de Luca e busquei alguns dos rituais que dão mais sentido à minha vida. Preste atenção e descubra os seus rituais. Se perceber que são poucos, proponha-se a aumentá-los, enriquecendo mais a sua vida com esses momentos especiais. Dessa forma, trabalha o seu estado de espirito e se prepara para celebrar até as adversidades que sempre aparecem para nos ensinar e nos fortalecer. Vamos celebrar?

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Reeducando funções básicas



Nesta semana, compartilho com vocês um texto, do site do Espaço Marcos Rojo, sobre ioga ser um processo de reeducação de funções básicas, como respirar. Confiram e comentem:

O estilo de vida que adotamos nos dias de hoje, prejudica boa parte das nossas funções humanas básicas. Ou seja, hoje, precisamos reaprender a andar, correr, saltar, etc. Como professor de educação física, percebo que numa aula de caminhada, boa parte dos alunos andam para frente com os pés apontando para os lados em condição assimétrica. Isto não aconteceria com os índios, por exemplo, que tem seu caminhar perfeito, suave e eficiente. Nós andamos constantemente calçados e em chãos planos, o que enfraquece nossa estrutura de apoio. Se uma criança “urbana” começa a subir numa árvore, a mãe logo gritará, para que ela desça, tentando protege-la da queda, ou às vezes para não sujar a roupa e estas limitações nos farão falta mais tarde.

Vamos perdendo boa parte das respostas adequadas às nossas funções básicas. Se alguém quiser informações precisas sobre uma dieta adequada, terá que ir a um especialista para que ele nos diga o que comer e o quanto comer. Animais que não vivem em cativeiro, estes que ainda tem a sorte de andar livres pela floresta, não estão obesos, não comem mais do que o necessário. Um leão satisfeito é um animal inofensivo, o problema é saber se já está na hora dele comer de novo. Não vamos encontrar um jacaré no pantanal, que no sábado resolve comer três ou quatro vezes mais, deixando para começar seu regime na próxima segunda feira. Isto é coisa de humanos, nós temos a capacidade de comer mais do que o necessário e pior ainda, nós temos a capacidade de comer o que sabemos que não nos faz bem. Se vamos a uma festa é provável que ultrapassemos nossa capacidade de digestão confortável, só para agradar o dono da festa que insiste que comamos mais um pouco da iguaria que ele preparou com tanto carinho.

É comum eu sair de uma festa arrependido por ter comido muito e aí vem um outro impulso natural para resolver este abuso, que nós também inibimos. Ou seja, quando sentimos vontade de vomitar, fazemos qualquer coisa para evitar este impulso, tomamos sais de frutas e alguns refrigerantes com a intenção de reprimir aquilo que o corpo esta pedindo, mesmo sabendo que depois de três minutos de ter vomitado, estaremos perfeitos. Nenês e animais vomitam com tanta facilidade que às vezes só percebemos quando vimos o que devolveram, não fazem nenhum escândalo. Ao contrário, nós adultos fazemos um escândalo, toda a vizinhança fica sabendo que não estávamos bem. Perdemos esta condição natural.

Continuando nesta linha, hoje as gestantes devem fazer o curso de preparação para o parto. Já ouvi dizer que em condições de vida natural, algumas mulheres pariam num dia e no dia seguinte já estavam trabalhando. Junto com o curso, as futuras mamães ainda levam os maridos, com a ilusão de que poderão ajudar. Em geral atrapalhamos. No nascimento da minha última filha, para assistir ao parto, tinha que levar o certificado do curso que eu havia realizado. No corre-corre de sair de casa para a maternidade, é lógico que eu o esqueci, mas mesmo assim não consegui escapar de fazer parte da primeira fila, o médico autorizou. 

O pior de tudo isto, é o fato de algumas pessoas com problemas respiratórios, terem que ir a um especialista (fisioterapeuta ou educador físico) para aprenderem a respirar. Quantas vezes, numa aula de yoga, percebo alunos fazendo os exercícios respiratórios num padrão inverso ao natural e ainda teimam, dizendo que sempre respiraram assim. Você já viu uma criança de berço inspirando pelo nariz e expirando pela boca? Mas é comum em ambiente de educação física, você ouvir que esta é a respiração correta para todos os momentos.

Yoga é um processo de reeducação destas funções básicas e de tantas outras, por nos colocar em contato consciente com os impulsos, reflexos e estímulos corretos. Comer conscientemente ajuda alguém a decidir melhor sobre o que comer e o quanto comer. Respirar consciente e relaxadamente, reeduca movimentos que julgávamos estranhos. Com Yoga, aprendemos a obedecer melhor nossas necessidades, em detrimento do apelo social.

De todas estas perdas, as que mais me chamam atenção são: a perda da capacidade de relaxamento e a perda da capacidade de observar passivamente. Estes dois componentes são básicos para o aspirante à meditação.

Bebês dormem completamente relaxados, quando vamos tirá-los dormindo do berço, estão fantasticamente soltos; mas com relação aos adultos, não podemos garantir que enquanto dormimos, estamos descansando. Quantas vezes rangemos os dentes dormindo a ponto de comprometer nossa arcada dentária, quantas vezes nos debatemos e lutamos dormindo enquanto sonhamos que estamos nos afogando. Tenho um amigo que me contou recentemente, que seu sono anda muito agitado, ele se move tanto, que às vezes, tem que acordar no meio da noite para descansar um pouco e depois voltar para dormir. Temos que treinar o relaxamente, deixando a mente em contato com esta sensação conscientemente. Temos que sentir o peso do corpo, o contato do corpo com o chão, temos que treinar shavasana conscientemente, para reeducar esta condição básica, tão necessária para nossa saúde.

Para terminar, temos que treinar o ato de ficarmos quietos. Quando temos um domingo inteiro para ficar sem fazer nada, muitas vezes vamos para a internet ver se arrumamos alguma encrenca. Hoje, já não nos sentamos mais na varanda para conversar sem pressa com um amigo. A família não se reúne na sala para bater um papo. Ficar sentado no banco do jardim olhando os passarinhos chega perto da “insanidade”. Se você estiver sentado sozinho, quieto numa praça por muito tempo, vão te tachar de deprimido e os mais solidários, vão te perguntar se você está bem, se precisa de ajuda e se você não responder, vão chamar a ambulância, porque seguramente o que você está fazendo é estranho (acho que exagerei). Temos que treinar a observação passiva, é tão legal, ficar observando sem julgar, programar, analisar, procurar ou justificar. Seria tão bom se ao ouvir o barulho da chuva, alguém pudesse curtir esta sinfonia sem imediatamente pensar se deixou a roupa no varal. Será tão mais fácil meditar se vivermos assim.

O Yoga é um sistema de reeducação das nossas funções mais básicas, tudo o que buscamos com sua prática é natural ao ser humano e se você não se encaixa em nenhum destes desajustes citados acima, sei que vai me desculpar por ter lido este artigo, pois não está preocupado em “perder” tempo.