terça-feira, 24 de maio de 2016

"A intuição não é um pensamento, ela chega a nós como uma sensação"



Você segue a sua intuição? Nesta semana, compartilho com vocês um texto reflexivo sobre o assunto, da psicóloga Patricia Gebrim, publicado no site Vya Estelar:

Tratada por alguns como uma espécie de conto de fadas pueril, no qual acreditam apenas os ingênuos ou sonhadores, considero a intuição uma das ferramentas mais poderosas que possuímos. Uma oferenda cheia de sabedoria que brota, como água fresca, de nosso íntimo.

Podemos pensar na intuição como a linguagem da alma, uma síntese de percepções sutis operada por nosso próprio inconsciente. Não importa de onde venha, a real diferença está no quanto você se permite acessá-la, e no quanto a considera em suas decisões de vida.

Aos mais pragmáticos, controladores e racionais, a intuição parece suspeita, preferindo estes seguirem uma estrada reta, feita de lógica e coerência, beseada em fatos cientificamente comprováveis ou fenômenos observáveis. Escalam suas vidas um passo por vez, na medida em que conseguem enxergar os degraus.

Já os mais corajosos, que tomam a intuição como guia, são portadores de asas, capazes de se conectar com informações que chegam por vias não tão palpáveis. Dispostos a fluir com esse fluxo de informações, os intuitivos encurtam caminhos, conseguem antever resultados, evitando perigos e aproveitando melhor as oportunidades da vida. 

A intuição não é um pensamento, ela chega a nós como uma sensação. Um conforto ou desconforto frente a determinadas pessoas, experiências ou situações. "Algo" que nos diz se devemos seguir ou parar. Ir ou ficar.

A mente racional analisa fatos de maneira lógica e os compara com o que já conhece, oferecendo essa ou aquela sugestão. A intuição, livre das amarras do tempo e espaço, amparada pela amplitude do inconsciente coletivo, pode nos oferecer informações que pairam além do que já conhecemos. Nos mostra o que ainda não vimos, nos insere no que ainda não conhecemos. Nos traz o novo, o criativo. Nos inspira, nos eleva, respeita a verdadeira essência imaterial de que é feito nosso ser.

Para acessar esse fluxo de informações intuitivas, basta atravessar a barreira da mente racional, mergulhar nesse espaço sagrado que todos temos no centro de nosso peito, ouvir mais as sensações que nos chegam pelo coração. Não é tão difícil, se estivermos dispostos a sair um pouco dos trilhos aprisionadores de nossas crenças, se nos lembrarmos de nossa verdadeira natureza e estivermos dispostos a ouvir o som de nossa própria alma.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

A cura está no doente, diz médico



Você já ouviu falar de medicina integrativa? "É a prática da medicina que reafirma a importância da relação entre o paciente e o profissional de saúde. É focada na pessoa em seu todo, é baseada em evidências e faz uso de todas as abordagens terapêuticas, profissionais de saúde e disciplinas adequadas para obter o melhor da saúde e cura", como explica o cirurgião Paulo de Tarso Lima em seu site. Veja mais detalhes sobre o assunto nesta reportagem da revista Veja, que conta com explicações do médico: 

Não é habitual ouvir um médico respeitável, de uma instituição de saúde modelar, falar sobre o papel da energia do corpo humano e da religião no caminho para a cura. É justamente o caso do cirurgião Paulo de Tarso Lima, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo. A medicina integrativa é uma prática em ascensão. Surgida nos Estados Unidos na década de 1970, une a medicina tradicional oriental, com sua abordagem holísitica, e a ocidental, apoiada na produção científica e na tecnologia. A reunião tem revolucionado a busca pela cura de doenças como o câncer. "A ideia não é excluir nada, mas juntar tudo e mostrar que a pessoa é detentora da capacidade de cura da própria doença", afirma Lima, que estudou a medicina interativa na Universidade do Arizona (EUA) e cursa o primeiro ano da Barbara Brenner School of Healing, na Flórida, onde a cura é perseguida a partir do estudo da energia humana. O médico é também autor do livro Medicina Integrativa - A Cura pelo Equilíbrio (MG Editores, 139 págs., 32,20 reais). Na entrevista a seguir, ele explica os fundamentos da medicina integrativa e aposta que a prática vai se espraiar por aqui por razões econômicas - por ora, apenas alguns hospitais e somente cinco universidades brasileiros se dedicam ao assunto.

Afinal, o que é medicina integrativa?

É um movimento que surgiu nos Estados Unidos na década de 1970 e que começou a ser organizado com mais rigor na década de 1980, quando entrou para as faculdades de medicina. Hoje, existem 44 universidades americanas ligadas à pratica, que traz uma visão mais holística da pessoa no seu todo: corpo, mente e espírito. O que buscamos é oferecer uma assistência com informação e terapias que vão além da medicina convencional para ajudá-la a se conectar com a promoção de saúde. Eu não tenho a menor dúvida de que a medicina convencional é extremamente efetiva em se tratando de doença, mas saúde não é apenas ausência de doença.

Que terapias são essas?

Sistemas tradicionais como a medicina chinesa e indiana nos oferecem uma gama de alternativas, como acupuntura, reiki, yoga, entre outras, que trabalham a energia do nosso corpo, estimulando uma reação aos sintomas das doenças. A ideia desse movimento não é excluir nada, mas juntar tudo e mostrar que a pessoa é detentora da capacidade de cura da própria doença. Isso é uma mudança de paradigma, porque a possibilidade de voltar ao estado saudável não é algo dado à pessoa, mas é algo inato a ela.

Qual a explicação para só agora a medicina integrativa despertar interesse de médicos convencionais?

Há duas razões: a demanda dos pacientes e a produção acadêmica, que cresce a uma velocidade muito alta. Se entendemos como as coisas funcionam, sabemos que é seguro.

Qual a situação da prática no Brasil?

Estamos em uma situação de dualidade. Os alinhados à prática muitas vezes não usam a medicina convencional de maneira integrada, e os convencionais não usam a medicina integrativa. Temos no Brasil um movimento diferente dos Estados Unidos, menos acadêmico, mas que vem crescendo graças a uma portaria de 2006 que autorizou procedimentos de acupuntura, homeopatia, uso de plantas medicinais e fitoterapias no Sistema Único de Saúde (SUS).

E por que a resistência dos médicos convencionais?

Eu não entendo. Estamos falando de energia e não precisamos ir muito longe para provar que energia corporal existe. A partir do momento que temos uma mitocôndria que produz energia dentro de cada célula, e isso é ensinado no primeiro ano de medicina, não há o que discutir. Temos energia no corpo, e pronto. O curioso é que muitos exames hospitalares rotineiros são baseados em mensuração do campo energético do corpo, como a ressonância magnética, o eletroencefalograma e outros mais sofisticados. Mas se você falar para um neurologista sobre a manipulação da energia do corpo, ele pira.

Por quê?

Porque entramos em um outro ponto da discussão sobre a energia humana, que é a interface com a religião. Estamos vivendo em uma nova fronteira em que se tenta entender essa energia, como ela é produzida, como pode ser manipulada e conduzida. E isso tem um impacto importante na questão da espiritualidade. Por isso, se algum paciente meu acha conforto na religião, se ele se sente bem assim, eu o estimulo a praticá-la.

E como se medem os resultados da medicina integrativa?

Começamos a medir os resultados pelas questões econômicas. A Prefeitura de Campinas, em São Paulo, registrou uma redução substancial de uso de analgésico dentro do SUS ao oferecer terapias ligadas à medicina chinesa focadas na questão ósseo-muscular. Além disso, tem uma série de trabalhos acadêmicos ligados à genética provando que a qualidade de vida produz efeitos na expressão genética da doença. E uma nova fase de trabalho investiga se uma gestante, cujo feto apresenta uma expressão genética de determinada doença, pode ajudar seu bebê se tiver uma gestação muito cuidadosa.

Como isso seria possível?

O homem carrega no seu código genético informações de doenças que podem ser a causa de sua morte. Isso já é provado. Só que você pode ter a característica genética da doença e não desenvolvê-la, ou tê-la precocemente. Isso vai depender da qualidade da sua vida. Comer bem, respirar melhor, praticar atividades físicas, lúdicas e contemplativas são fatores muito importantes ligados à qualidade de vida e que vão provocar um impacto no nosso bem-estar e, consequentemente, na resposta do corpo às doenças já estabelecidas e àquelas que estão programadas para acontecer. O Prêmio Nobel do ano passado de Medicina (dividido entre os pesquisadores Elizabeth H. Blackburn, Carol W. Greider e Jack W. Szostak) mostra que, se há uma importante mudança nutricional e de práticas contemplativas, há uma diminuição da expressão de câncer de próstata em determinados grupos de homens.

As pessoas, em geral, estão mais abertas para as práticas alternativas?

No Brasil, entre 45% e 80% dos pacientes diagnosticadas com câncer utilizam algum tipo terapia "alternativa" em conjunto com o tratamento. Nos Estados Unidos, 13% das crianças e 55% dos adultos saudáveis utilizam tais práticas.

O senhor acredita que essa corrente ganhará espaço no futuro?

Acredito. Não por razões humanitárias, mas por uma questão econômica. Afinal, a forma como a medicina é praticada atualmente implica altos custos. Não posso prever, porém, quanto tempo isso vai demorar, porque o convencimento dos profissionais a respeito do assunto exigirá um longo trabalho.