Desde a adolescência, sou apaixonada por escrever o que me vem ao coração. Sempre acessei facilmente o que sinto e esse é o primeiro passo para começar a escrever. Assim foi com o meu diário, que me acompanhou toda a juventude, e também acontece com as sínteses e reflexões pessoais que sempre fiz dos livros que leio e me apaixono. Quando um novo livro chega à minha vida e nele encontro um pouco de mim, acaba me levando a uma viagem interna, em que me descubro um pouco mais, e escrever surge como uma força impulsora.
Foi assim com o livro "Anticâncer", do neuropsiquiatra David Servan-Schreiber, que serviu de base para a criação do blog Chama Acesa; com o livro “De Dentro Pra Fora” de Juliane Pfeiffer; e com o livro "Propósito", do Prem Baba, que me ajudou a contextualizar o trajeto de autoconhecimento na vida. Agora, a situação se repete com o livro "Mulheres na Jornada do Herói", de Beatriz Del Picchia e Cristina Balieiro.
As autoras contaram histórias de vida de mulheres diversas com depoimentos translúcidos, que vinham do fundo da alma, falando de suas dores, suas lutas e seus ganhos. Isso mexeu profundamente comigo. Fui me identificando com aquela jornada comum, com uma mandala como mapa. Esse caminhar em círculo começa com a RUPTURA de algo que não se sustenta mais em nossa vida, continua com a INICIAÇÃO de uma nova etapa com todos os desafios que ela traz e chega ao RETORNO, no caminho de volta à vida cotidiana, mas de outra forma, porque você já não é a mesma.
Essa jornada circular me fez acessar a lembrança de quando voltei a Findhorn, primeira ecovila sustentável do mundo, na Escócia. Cheguei ao mesmo lugar, refiz o programa da semana de experiência, mas foi algo totalmente novo, pois ”por dentro” eu não era a mesma de dois anos antes.
A volta a um lugar ou um reencontro nunca é o mesmo, pois houve um acréscimo de experiências em nossa bagagem de vida e as emoções vividas ficam impregnadas dentro da gente. Assim é o caminhar pela jornada da vida que pulsa e se transforma. Comparar essa jornada a uma mandala é uma representação repleta de significado.
Como a pedra que jogada no lago desenha círculos que se expandem até desaparecerem, o movimento da energia feminina flui de forma amorosa e acolhedora. O círculo lembra a forma de um abraço. Um abraço que abre e fecha. Abre para receber e fecha para acolher. Só que não prende. Se prender, vira apego, que se transforma em prisão. O amor não aprisiona. O amor agrega.
Nesse abrir e fechar de abraços, o Universo nos proporciona encontros com a gente mesmo e com o outro, em momentos e em lugares diferentes. E nunca mais seremos os mesmos. A jornada da vida continua a fluir em círculos como uma mandala.
Sobre mim - Jamile Coelho
Sou consultora de projetos educacionais e sempre acreditei em educação para a vida, autoconhecimento e inovação. Enfrentei o câncer quatro vezes e criei o Projeto Chama Acesa para ajudar quem está em busca do caminho da cura. Confira minha história e meu trabalho no site www.jamilecoelho.com.br.