Já ouviu alguém dizer que "excesso de gordura corporal aumenta risco de câncer"? E que "exposição ao forno de micro-ondas pode provocar a doença"? Descubra abaixo 8 mitos e verdades, listados pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca):
O excesso de gordura corporal aumenta o risco de ter câncer.
VERDADE. O excesso de gordura corporal provoca alterações hormonais e um estado inflamatório crônico que estimulam a proliferação celular e inibem a apoptose (morte programada das células). Dessa forma, a gordura contribui para a formação e a progressão de diversos tipos de câncer, como o de
esôfago (adenocarcinoma),
estômago (cárdia),
pâncreas, vesícula biliar,
fígado, intestino (
cólon e reto), rins,
mama (mulheres na pós-menopausa),
ovário, endométrio, meningioma, tireóide, mieloma múltiplo e possivelmente
próstata (avançado), mama (homens) e linfoma difuso de grandes células B.
A atividade física previne o câncer independentemente da perda de peso.
VERDADE. Além de auxiliar no controle do peso corporal, a atividade física regular promove o equilíbrio dos níveis de hormônios (reduz a resistência à insulina e os níveis de estrogênio circulantes), reduz o tempo de trânsito gastrintestinal (com isso diminui o período de contato dos tecidos locais com substâncias que promovem o câncer) e fortalece a defesa do nosso organismo. Por isso, devemos praticar pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias e limitar hábitos sedentários, tais como assistir à televisão, usar por muito tempo o computador ou jogar videogame. Caminhar ou ir de bicicleta para o trabalho, subir pelas escadas ao invés dos elevadores, descer do ônibus um ou dois pontos antes de chegar em casa são algumas opções para aumentar a atividade física no dia a dia.
É possível evitar o câncer a partir da alimentação.
VERDADE. As escolhas alimentares são muito importantes. Enquanto alguns alimentos podem ajudar a proteger o corpo contra a doença, outros podem aumentar o risco de desenvolver câncer. Uma dieta rica em alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, e pobre em alimentos ultraprocessados, como aqueles prontos para consumir ou aquecer e bebidas açucaradas, é capaz de prevenir o surgimento da doença. A recomendação é consumir, no mínimo, cinco porções, ou seja, 400g por dia de vegetais, sendo duas porções de frutas e três de verduras e legumes sem amido, como cenoura, couve-flor, berinjela e tomate. Cada porção equivale a uma quantidade aproximada que caiba na palma da mão (80 g), do produto picado ou inteiro.
Existem alimentos milagrosos que podem curar o câncer.
MITO. Não podemos atribuir a nenhum alimento específico poder de cura. A alimentação saudável deve ser variada e composta por diferentes tipos de alimentos protetores, como frutas, legumes, verduras, feijões e outras leguminosas, cereais integrais, castanhas e outras oleaginosas. Existem evidências claras que uma alimentação saudável auxilia na prevenção e no tratamento do câncer. A recomendação é consumir, no mínimo, cinco porções, ou seja, 400g por dia de vegetais, sendo duas porções de frutas e três porções de legumes sem amido (como cenoura, couve-flor, berinjela, tomate) e verduras. Cada porção equivale a uma quantidade que caiba na palma da sua mão (80g), do produto picado ou inteiro. Consuma alimentos de diferentes cores, como vermelha, verde, amarela, branca, roxa e laranja. Quanto mais colorida for sua refeição, melhor.
Grande parte dos refrigerantes possui um corante que possivelmente favorece a formação do câncer.
VERDADE. Os refrigerantes contêm a substância 4-MI (4-metil-imidazol), classificada como possivelmente cancerígena pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC), da Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse composto é um subproduto do corante caramelo IV presente nessas bebidas. O Centro de Pesquisa CSPI (na sigla em inglês Center for Science in the Public Interest), em Washington D.C, em parceria com instituições governamentais e de pesquisa de diversos países, testaram a quantidade de 4-MI em latas de uma marca de refrigerante a base de cola (na versão original) vendidas no Brasil, Canadá, China, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos da América (Washington D.C. e Califórnia), México e Reino Unido. De acordo com o
estudo, a bebida comercializada no Brasil continha 267 microgramas (mcg) de 4-MI em uma lata de 355 ml. Essa concentração foi a maior identificada dentre todos os países pesquisados.
Os benefícios da ingestão de frutas, legumes e verduras na prevenção de câncer superam os malefícios do consumo desses alimentos com resíduos de agrotóxicos.
VERDADE. Existem evidências de que os benefícios da ingestão de frutas, legumes e verduras na prevenção do câncer superam os malefícios do consumo desses alimentos com resíduos de agrotóxicos. Nos vegetais são encontradas vitaminas, minerais, fibras e fitoquímicos que previnem contra diversos tipos de câncer. Optar por alimentos de base agroecológica ou orgânicos é sempre o ideal, pois além de contribuir para a preservação do meio ambiente e para a agricultura familiar, são mais saudáveis. Entretanto, se não for possível adquiri-los, não podemos abrir mão desses alimentos protetores, pois estudos indicam que a redução no seu consumo pode aumentar consideravelmente o número de casos de câncer. Vale lembrar que os resíduos de agrotóxicos podem também estar presentes nos alimentos ultraprocessados, como biscoitos, salgadinhos, pães, cereais matinais, lasanhas, pizza e outros, que têm como ingredientes o trigo, o milho, a cana-de-açúcar e a soja, por exemplo.
Exposição a forno de micro-ondas pode provocar câncer.
MITO. O forno de micro-ondas possui uma forma de radiação não ionizante, que não tem capacidade para lesar o DNA das células (ou seja, o material genético das células). Portanto, a exposição não torna o alimento radioativo e também não causa risco à saúde das pessoas, desde que as instruções de utilização sejam seguidas.
Aquecer alimentos ou adicioná-los quentes a recipientes plásticos aumenta o risco de câncer.
VERDADE. O aquecimento de recipientes plásticos contendo alimentos pode liberar substâncias nocivas com potencial de causar câncer, como a dioxina, o bisfenol A (BPA) e os ftalatos. Visto que não há como ter segurança quanto à presença ou não dessas substâncias nos recipientes utilizados, o recomendável é nunca aquecer alimentos em recipientes plásticos, inclusive mamadeiras. O melhor é transferir a comida para vasilhas de vidro temperado ou de porcelana que suportem o calor. Essa cautela se aplica também para as bandejas de espuma em que são acondicionadas lasanhas e outras massas, por exemplo. O filme plástico utilizado para proteger e cobrir alimentos também deve ser evitado, pois o vapor condensado pode respingar substâncias perigosas no alimento. É mais seguro usar papel toalha, pano de prato ou saco de papel. Tais cuidados são simples e podem evitar danos à saúde.