Uma
das principais causas que faz “explodir” a produção de substâncias
inflamatórias é o sentimento persistente de impotência, um desespero que não
cede. Impotência é nunca expressar as emoções e quase nunca vivenciar uma profunda
calma interior. Eu vivi o sentimento de impotência durante muitos anos de minha
vida e tenho certeza que ele foi alimentado pelo medo, que bloqueia a nossa
força vital. O medo me dominou por muito tempo, de forma inconsciente, e à
medida que fui tomando consciência e resolvi enfrentá-lo, fui me libertando.
Este é um processo longo e doloroso, mas o resultado compensa.
Personalidade do Tipo C
Pessoas
com personalidade do Tipo C são as que, com ou sem razão, não se sentiram
devidamente acolhidas na infância. Mais tarde, para se sentirem amadas,
tornaram-se adultos que evitam conflitos e colocam suas necessidades e
aspirações profundas em segundo plano. Para garantir a segurança emocional,
podem superinvestir em um único aspecto de suas vidas: profissão, casamento ou
filhos. Eu tinha muito dessa personalidade Tipo C e acredito que isso
influenciou no desenvolvimento dos cânceres que enfrentei.
Mudança
Gosto
muito da Análise Transacional (AT) como instrumento de autoconhecimento e como
recurso terapêutico, e o que aprendi e vivenciei foi com uma grande amiga que
foi minha terapeuta, Ana Lucia Paíga, hoje minha grande amiga. Por isso, vou
usar a linguagem da AT em meu depoimento. Mudar comportamentos, desatar os nós
que aconteceram em nossa experiência emocional na infância (enredo) é o grande
desafio.
Essa vivência totalmente emocional na primeira infância que ficou
registrada em nosso inconsciente acaba influenciando nosso comportamento atual
como se acionasse um piloto automático, trazendo emoções daquela época. A
partir do momento em que tomamos consciência do nosso enredo e, gradativamente,
nos libertamos dele, começamos a desatar os nós emocionais que nos prendem a
comportamentos que tínhamos para nos sentirmos amados. Esta é a necessidade
básica do ser humano: amar e ser amado. E todos nós, de acordo com o enredo
formado a partir das influências familiares, adotamos atitudes da Criança
Submissa ou Rebelde. Eu fui uma Criança Submissa e isso deu origem à
personalidade do tipo C, ou seja, aquela pessoa que entra no “agrade” para se
sentir amada, quer evitar conflitos, não sabe dizer não e que acaba sendo
dominada pelo medo que leva a um sentimento de impotência e, consequentemente,
no meu caso, ao desenvolvimento de um tumor.
Para
auxiliar o processo da terapia, é preciso agregar experiências ou atividades
ricas de sentido. A minha profissão sempre foi um aspecto forte, repleto de
significado, realização pessoal e propósito. Continuar a realizar o meu
trabalho, que era a chama acesa do Espaço Educacional que eu sempre investi e
acreditei, me deu toda a força que precisava para enfrentar os tratamentos e
reagir muito bem após cada cirurgia. Eu ainda brincava com os médicos: “Me
deixa voltar a trabalhar que recupero logo”. E assim acontecia.