Na semana passada, falamos dos fatores de risco não-controláveis do câncer de mama, com base nos dados da cartilha do Instituto Arte de Viver Bem com o apoio da Editora Abril. Hoje, vamos continuar com os fatores controláveis:
Pratique atividade física – um leque de fatores de risco associados ao câncer de mama seriam espantados de uma vez só com a atividade física regular. Por quê? A ginástica boicota a instalação da obesidade, derruba o colesterol no organismo, ajuda a conter a produção excessiva do hormônio e induz a produção das endorfinas que agem no cérebro e promovem a sensação de bem estar e combatem o estresse.
Obesidade e colesterol representam as gorduras que é a matéria-prima para a fabricação do estrogênio, que está no topo da lista de suspeitos do câncer de mama, pois age nas células mamarias promovendo a sua multiplicação. E, quanto mais intenso for o estimulo, maior a possibilidade de uma proliferação celular desordenada, o que resultaria em um tumor. As endorfinas promovem um embate contra o estresse, impedindo que se fragilize o sistema imunológico, pois ele é o responsável para detectar células defeituosas e agir combatendo-as.
Portanto, pratique atividade física aeróbica moderada, com uma frequência de três a cinco vezes por semana. Exemplo: caminhar 30 minutos em uma marcha mais acelerada ou também nadar e correr.
Eu só comecei a atividade física regular após os 50 anos, quando tive câncer pela primeira vez. Hoje, 13 anos depois, faço regularmente Pilates, Ioga e caminhadas de três a quatro vezes por semana. No entanto, para chegar nesse patamar, precisei experimentar várias atividades e só consegui quando aliei a atividade física com o prazer.
Controle bem seu peso - se a preocupação de quem quer se livrar da doença é manter os níveis de estrogênio em equilíbrio, impedir o ganho de peso é uma medida preventiva necessária. Um alerta para as mulheres que já entraram na menopausa: depois do 50 anos, o tecido gorduroso passa a atuar como uma nova fábrica de hormônios. A gordura armazenada nas mamas é convertida em estrogênio e consequentemente, incita uma multiplicação acelerada.
Lembre-se: uma redução de apenas 5% do peso já cortaria pela metade os riscos de desenvolver alguns tipos de câncer de mama, conforme pesquisa realizada no Centro de prevenção Fred Hutchinson, nos Estados Unidos.
Eu ganhei peso quando tomei o uso Tamoxifeno por cinco anos. Mas, foi só parar o remédio e fazer atividade física regular, que meu peso voltou ao normal. E hoje, com uma dieta de uma nutricionista funcional, meu índice de gordura corporal caiu e ganhei músculos, ou seja, estou mais saudável e feliz com meu corpo.
Alimente-se com saúde - um cardápio equilibrado e colorido por vegetais pode ser decisivo para manter o câncer distante. Uma dieta balanceada está relacionada com a saúde de uma forma geral. Os alimentos se dividem em três grandes grupos: construtores (proteínas), reguladores (vitaminas e sais minerais) e energéticos (carboidratos e gorduras). Em cada refeição, um item de cada grupo. Sirva-se de uma porção de verdes, amarelos e vermelhos e complete com tons mais claros (massas e arroz).
Não se esqueça: para blindar as mamas contra o câncer, os maiores aliados são as frutas, legumes e verduras. Esta tríade hospeda substâncias como carotenoides encontrados na cenoura, tomate, espinafre; além das acitogeninas, na graviola e na pinha, só para dar alguns exemplos. Essas substâncias participam da batalha contra os radicais livres que agridem o DNA das células programando uma multiplicação desordenada, que pode ser o estopim para um tumor. Embutidos e enlatados, frituras, carne vermelha grelhada, bebidas muito adocicadas devem entrar em sua dieta ocasionalmente.
Desde que iniciei há um ano uma dieta com uma nutricionista funcional, Dra. Luana Vasconcelos, minha alimentação ganhou em qualidade e os resultados, como bem-estar e disposição, fizeram muita diferença em minha vida. Perdi 2,5kg de gordura corporal e ganhei 1,5kg de músculos, pois aliei a alimentação à atividade física regular. Tirei glúten e lactose de forma radical por dois meses e depois tento equilibrar a dieta e fazer um acompanhamento. Isso ajudou a desintoxicar meu organismo, principalmente por causa da quimioterapia que fiz em 2001.
Evite bebidas alcoólicas – um drinque antes ou depois do jantar, todo dia, não é um hábito inofensivo para suas glândulas. Sobram dados científicos que associam a ingestão frequente de álcool à maior incidência do tumor. Uma revisão de 113 estudos conduzidos pelas universidades de Milão, na Itália, e de Heidelberg, na Alemanha, sinaliza que não é prudente subestimar o perigo do álcool. Uma única dose por dia foi associada a um aumento de 4% na probabilidade de um câncer de mama ser deflagrado. Nas mulheres que triplicaram a dose de bebida alcoólica, o risco saltou para quase 50%.
Os níveis de álcool elevariam as taxas de estrogênio e ainda torna os receptores dessa substancia mais sensíveis à multiplicação celular, criando um descompasso para patrocinar um tumor. Eleger três dias na semana, restringindo o consumo para uma única dose (uma taça de vinho ou uma lata de cerveja) para aquelas que não abrem mão de um drinque é a sugestão. No entanto, de nada adiante economizar na quantidade durante a semana, se abusar dos goles nos finais de semana.
Diga não ao cigarro – entre tantos malefícios, há a suspeita de que a dependência do tabaco também dê um empurrão no aparecimento de tumores mamários. Ninguém contesta que o tabagismo está associado a inúmeros tipos de câncer, especialmente o de pulmão. Em Harward, nos EUA, depois de analisar mais de 110 mil mulheres, os pesquisadores verificaram uma associação entre o tumor e o hábito de fumar, especialmente em quem aderiu ao cigarro antes de ter o primeiro filho.
A bebida consumida socialmente se tornou um hábito na vida da maioria das pessoas. O cigarro, embora hoje já existam restrições como não fumar em lugares fechados e as pessoas estejam mais conscientes, na nova geração, as mulheres fumam mais do que os homens. Qualquer prazer pode se tornar um vício em um curto espaço de tempo, pois a pessoa canaliza sua ansiedade, tensão e estresse para um canal que, momentaneamente, vai aliviar. Só que como tudo que estimula e leva a picos de prazer, depois cai com a mesma velocidade e a sensação do corpo é de necessidade. Assim, o vício se instala para formar o ciclo: prazer x necessidade.
Eu nunca fui adepta à bebida alcoólica e ao fumo, mas sei que por trás do vício, sempre tem um estado emocional em desequilíbrio. Acho, portanto, que a bebida e o cigarro funcionam como um “gatilho” para extravasar o estresse. Qualquer vicio é um dos sintomas que nos mostram que o nosso “estado de espírito” está em desequilíbrio e, consequentemente, em curto ou médio prazo, terá reflexos em nosso corpo.
Conclusões importantes
Todos esses fatores de risco controláveis estão associados e reforçam a crença de que o CÂNCER está muito associado ao ESTILO DE VIDA. Essa é a proposta que o Projeto Chama Acesa está difundindo quando falamos sobre temas que envolvem Alimentação Anticâncer, Corpo Anticâncer e Estado de Espírito Anticâncer para as pessoas com base em estudos e depoimentos que enriquecem e nos levam a uma reflexão.
Cada dia fico mais convicta de que câncer tem muito a ver com estilo de vida e sou totalmente adepta à Medicina Integrativa, pois são vários profissionais atuando para ajudar a pessoa que passou ou está passando pelo câncer a se equilibrar por dentro e por fora.
O Projeto Chama Acesa agradece à jornalista Valéria Baraccat Gyy, do Instituto Arte de Viver Bem, pela contribuição com um material tão rico e que precisa ser divulgado para cumprir a missão que temos em comum: usar a nossa experiência com o câncer para ajudar outras pessoas.