Os benefícios do Pilates para mulheres com câncer de mama

Li um texto interessante sobre Pilates e a ajuda na recuperação de mulheres após o tratamento de câncer de mama. Trata-se do resumo de um estudo científico canadense, de 2008, em que acompanharam quatro mulheres por 12 semanas, que passaram por procedimentos cirúrgicos após a diagnóstico. Compartilho trechos com vocês e, no fim, meus comentários. Confiram:

"Para mulheres que passaram por tratamento para câncer de mama, a reabilitação visa restaurar a independência e a autosuficiência focando na qualidade de vida. As terapias complementares têm por objetivo melhorar a Qualidade de Vida, abordando questões do corpo, mente e espírito, gerenciamento de sintomas e são utilizados por até 80% das mulheres com câncer de mama.

Foram verificados os efeitos dos exercícios de Pilates na amplitude de movimento (ADM) do ombro, dor, humor e função da extremidade superior (ES) em mulheres que previamente foram tratadas para o câncer de mama. A dissecção axilar (DA) para o estadiamento do câncer de mama e aplicação de radioterapia na mama ou axila pode contribuir para uma redução na mobilidade do ombro, com uma duração de até 8 anos após o tratamento. Alguns programas de exercícios realizados no pós-operatório podem evitar a rigidez do ombro e aumentar a ADM sem levar ao linfedema. A dor no ombro, que é outro efeito colateral da DA , pode resultar da formação de fibrose pela radiação, cicatriz cirúrgica ou lesão do nervo intercostobraquial e pode persistir de meses a anos após a cirurgia, influenciando negativamente no humor e na qualidade de vida. Ansiedade, depressão, raiva e má imagem corporal são outras sequelas comuns que podem continuar, apesar da melhora da função física.

O bem-estar emocional (humor) é um preditor significativo de qualidade de vida, entretanto a angústia emocional pode estar relacionada à dor pós-cirúrgica. Estudos têm demonstrado que o exercício é capaz de diminuir a ansiedade e melhorar a autoestima, o vigor e satisfação com a vida. Mulheres com sobrevivência em longo prazo após o câncer de mama tendem a ter um estado funcional mais pobre do que as mulheres que não tiveram câncer de mama. A amplitude de movimento de ombro reduzida após a cirurgia axilar e radioterapia está relacionada com a capacidade funcional reduzida.

Exercícios de Pilates

Originalmente chamado de "Contrologia", Pilates é uma abordagem de exercícios desenvolvidos no início de 1900 que é baseado em teorias orientais da interação corpo-mente-espírito combinados com teorias ocidentais da biomecânica, aprendizagem motora e estabilidade do tronco (core). "Espirito" engloba o bem-estar emocional e "exercício corpo-mente" incorpora uma internalização do movimento, com foco e atenção específica para respiração e propriocepção. Durante uma sessão de exercícios de Pilates, o esforço mental se concentra em ativar músculos específicos em uma sequência funcional e velocidade controlada, enfatizando a qualidade, precisão e controle de movimento. O número de repetições dos exercícios são baixas, com resistência geralmente sob a forma de peso do próprio corpo ou molas. Instrutores de Pilates afirmam que a prática regular leva ao relaxamento e controle da mente, corpo reforçado e autoconhecimento, melhoria da estabilidade do tronco, uma melhor coordenação, melhor postura, maior amplitude de movimento articular, desenvolvimento muscular uniforme, e diminuição do estresse.

Já que seus defensores afirmam que o exercício regular de Pilates leva ao aumento da ADM articular (o que pode se traduzir em melhora da função da extremidade superior) e diminuição do estresse, optou-se por analisar os efeitos dos exercícios de Pilates na amplitude de movimento do ombro, dor, humor e função do membro superior em mulheres que tinham recebido dissecção axilar e radioterapia para a fase I a IV do câncer de mama, no mínimo, 6 meses antes. Então a hipótese deste estudo é de que um programa de exercícios de Pilates aumentaria a ADM do ombro, diminuiria a dor, melhoraria o humor e melhoraria a função do membro superior.

Discussão e Conclusão

Devido à sua baixa intensidade e foco em "repadronização" neuromuscular, o método Pilates seria um ponto de partida razoável a partir do qual as mulheres poderiam gradualmente retornar às suas atividades normais após o tratamento do câncer de mama. Os participantes do estudo afirmaram que recomendariam o programa de exercícios de Pilates para outras mulheres que vivem com câncer de mama, sugerindo que eles encontraram o programa aceitável. Portanto, os exercícios de Pilates podem ser uma opção de exercício eficaz e seguro para as mulheres que estão em recuperação aos tratamentos de câncer de mama, no entanto, são necessárias mais pesquisas."

Link: Clique aqui e confira o artigo completo.

Comentários

Eu já tive câncer de mama três vezes, sendo que na última vez fiz a mastectomia e coloquei próteses. Passei pela radioterapia e fiz o procedimento cirúrgico da dissecção axilar ou esvaziamento das axilas, como citou o artigo acima. O Pilates começou a fazer parte de meu dia a dia há três anos e confesso que senti uma melhora sensível na movimentação dos braços e na abertura do tórax.

Ganhei muito em consciência corporal e a sincronização dos exercícios com a respiração auxiliou nesse processo. Com o exercício regular do Pilates e da Ioga, duas vezes por semana, a minha qualidade de vida ficou significativamente melhor e isso ainda se tornou um excelente canal para liberar o estresse de forma saudável. Ganhei em autoestima, pois estou satisfeita com o meu corpo e isso se reflete no emocional. 

Os resultados do Pilates na interação corpo, mente e espírito é verdadeira e tem tudo a ver com a proposta do Projeto Chama Acesa, que se baseia na afirmação que câncer tem muita ligação com estilo de vida.

Ioga para Alma

Pratico IOGA há 12 anos e posso afirmar que a reportagem da revista Bons Fluidos deste mês só veio reafirmar o que eu acredito. Separei trechos do texto e acrescentei minhas considerações a partir de minha experiência. Confiram:

"Em momentos de delicadeza extrema, quando a dor é profunda demais, o movimento suave do corpo, aliado as técnicas de respiração e meditação, ajuda a cicatrizar a tristeza."

Alexandre Viola, meu professor de Ioga, enfatiza durante a aula que o objetivo de cada postura é o relaxamento, que precisamos encontrar o conforto físico para conseguir o relaxamento mental, pois esse é o objetivo da prática. O relaxamento físico e mental nos prepara para a meditação e nos ajuda a lidar com emoções como a tristeza, que não é prazerosa, mas que faz parte de nosso crescimento emocional e espiritual.

'A pratica da Ioga reduz a liberação de cortisol, hormônio associado ao estresse, diminui o cansaço e melhora o sono."

O grau de relaxamento que consigo após a aula de Ioga, que faço duas vezes por semana, é maravilhoso. Faço a aula logo cedo e começo minhas atividades profissionais com muito mais energia e foco.

"Ao promover maior conexão entre corpo, mente e espírito, a Ioga surge como forma alternativa de reparar uma ferida emocional."

A conexão do corpo nas posturas com a tranquilização da mente nos conecta à nossa alma, ao nosso espírito e isso vai promovendo a cura das feridas emocionais, que são as mais difíceis de cicatrizar e as causas de inúmeras doenças.

"Toda vez que um evento inesperado muito estressante rompe a noção de segurança de uma pessoa, ela se torna vulnerável e impotente. A Ioga vai dando suporte para que a pessoa supere esse momento e retome seu equilíbrio."

A busca do equilíbrio físico e mental é tudo que precisamos para começar a meditar. E a meditação reforça e restaura o nosso equilíbrio que perdemos aos poucos com todas as situações de estresse do dia a dia.

"A bióloga Elisa H. Kozasa, pesquisadora do departamento de psicobiologia da Unifesp e do Instituto do Cérebro do Hospital Alberto Einstein de São Paulo, diz que a Ioga funciona como complemento a um tratamento médico e psicológico. A especialista frisa ainda que a Ioga não é magica e que a prática tem efeito quando é feita com disciplina e regularidade."

Você só consegue a disciplina e a regularidade para conquistar os benefícios da prática da Ioga quando consegue se envolver, achar significado e prazer nos exercícios. Essa sensação de paz e de tranquilidade é o resultado prático que faz com que a Ioga se torne parte de nossa vida e funcione como um complemento a qualquer tratamento médico que esteja vivenciando.

"Com a Ioga ganhamos mais energia e entusiasmo, desvinculamos os padrões emocionais de eventos negativos, expelimos as toxinas físicas e emocionais e nos tornamos conscientes de cada momento, dando a oportunidade de superar o passado e criar uma nova realidade com clareza, energia, paz e felicidade", disse Rajshree, que pratica Ioga há 30 anos.

Essa declaração mostra como a prática da Ioga pode se tornar algo com uma dimensão maior. Posso afirmar que vale à pena experimentar a Ioga como um recurso preventivo ou paralelo a tratamentos de doenças como câncer, síndrome do pânico, entre outras. A doença nos torna frágil e vulnerável e precisamos trabalhar a nossa fragilidade. A Ioga é um excelente instrumento para ajudar você a manter a chama acesa, o desejo de viver!

Dica de Leitura: Revista Sorria

Todo mês, compro a revista Sorria, na Droga Raia, e cada vez me encanto mais com o trabalho de uma equipe que, com certeza, é apaixonada pelo que faz e pelo propósito que motivou o nascimento da publicação: ajudar o GRAAC (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer) e o Instituto Ayrton Senna. Ajuda crianças e famílias que estão enfrentando o tratamento do câncer e, por isso, merece todo apoio, e ainda auxilia a educação, que é a melhor ferramenta para enfrentarmos a desigualdade em nosso país.

Resolvi abordar esse tema porque tem muito a ver comigo. Trabalho na área de educação, sou apaixonada pelo que faço e a revista é muito bem aproveitada pelos professores do meu espaço. EDUCAÇÃO sempre foi minha missão de vida e minha forma de contribuir com aquilo que acredito para despertar a alegria e a produtividade no processo de aprendizagem. APOIO AO CÂNCER me sensibilizou porque já enfrentei o câncer várias vezes e tento hoje, por meio do Projeto Chama Acesa, ajudar as pessoas a enfrentar seus medos em relação à doença e, principalmente, a divulgar as conclusões do trabalho do Dr. David Schreiber, que diz que o câncer tem muito a ver com estilo de vida: alimentação, corpo e estado de espírito. 

Acredito em iniciativas como essa, que lutam por uma causa e criam ações para ajudar instituições que são sérias, conscientes da realidade e que desenvolvem um trabalho social competente e solidário. Precisamos nos conscientizar de que todos podemos fazer algo para ajudar alguém e que iniciativas pequenas podem crescer e somar para transformar!