O tema desta semana é a importância do acompanhamento psicológico no diagnóstico de câncer, tratamento e reinserção social. Confira detalhes no texto da psicóloga Flávia Sayegh, da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia):
Apesar de todo o conhecimento e informações, o câncer ainda é repleto de estigmas.
O diagnóstico oncológico e a realização de procedimentos invasivos durante o tratamento podem desencadear um desequilíbrio emocional tanto no paciente quanto em sua família, trazendo sentimentos como medo, ansiedade e revolta.
As mudanças na vida das pessoas afetadas pela doença são significativas, o que evidencia a importância do apoio psicológico frente às dificuldades que precisam ser atendidas.
A psico-oncologia, uma especialidade dentro da Psicologia da Saúde, representa a área de interface entre a Psicologia e a Oncologia e atua justamente nas necessidades destes pacientes. São diversos os momentos em que este profissional pode ajudar:
· Suporte emocional diante do diagnóstico:
Esta é uma fase marcada por angústia e ansiedade, afinal, após um período de expectativa e exames considerados complicados, receber o diagnóstico não é nada fácil.
No momento inicial do tratamento tudo é novo e fica muito difícil assimilar as informações de uma só vez.
O acompanhamento psicológico pode ser muito importante para auxiliar o paciente e familiares a se ajustarem a esta nova realidade. Aos poucos, todos poderão se sentir mais fortalecidos para passar por esta situação da melhor maneira possível.
· Suporte emocional durante o tratamento:
O tratamento do câncer pode ser muito desgastante, uma vez que envolve internações prolongadas, idas ao hospital, visitas ao médico e mudanças físicas. Em alguns casos os efeitos colaterais do tratamento também causam desconforto e, aliado a tudo isso, ainda é necessário lidar com as demandas da vida cotidiana ao mesmo tempo.
Em maior ou menor grau, o paciente pode apresentar dificuldades de lidar com estas situações. O trabalho da Psico-oncologia pode facilitar o manejo dos tratamentos médicos propostos, promovendo uma melhor forma de enfrentamento e qualidade de vida durante este período.
· Suporte emocional no término do tratamento e reinserção social:
Na maioria das vezes as pessoas interrompem os estudos e/ou o trabalho enquanto estão realizando o tratamento. Após a alta, normalmente estão aptos para voltar à rotina e este é um momento muito delicado, cercado de expectativas e ansiedade.
Em alguns casos os pacientes podem apresentar algum tipo de sequela causada pela doença e precisam aprender a lidar com estas limitações. Algumas pessoas, por exemplo, ainda não conseguem voltar para o mesmo local em que estudavam/trabalhavam e precisam enfrentar novas maneiras de buscar a inserção no mercado de trabalho.
Situações como estas fazem com que o apoio psicológico neste momento seja tão importante quanto o realizado durante o tratamento. O profissional ajudará o paciente a lidar com as situações do dia a dia, e também com a ansiedade presente nas consultas para acompanhamento e exames de controle – afinal, mesmo em alta, é muito comum ter o medo de a doença voltar.
O apoio psicológico também deve acontecer frente à impossibilidade de cura e a convivência com a doença crônica, que muitas vezes requer adaptabilidade a uma nova realidade.
Por Flávia Sayegh - Psicóloga da ABRALE.
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