O
Senado aprovou na semana passada um projeto que obriga o SUS (Sistema Único de
Saúde) a realizar cirurgia de reconstrução dos seios em mulheres com câncer de
mama logo após realizarem a mastectomia (cirurgia de retirada da mama). Eu
passei pela mastectomia e, logo depois, pela cirurgia de reconstrução e sei o
quanto isso é importante.
Hoje
o número de mulheres com o diagnóstico de câncer de mama e que passam pela
mastectomia é muito grande. Enfrentar a retirada das mamas para mim foi algo
difícil, pois sei contabilizar minhas perdas: perda da sensibilidade do seio
que é algo importante em um relacionamento íntimo, perda da imagem do meu corpo
como era, constatar as marcas da cirurgia em meu corpo e encarar isso todos os
dias. E eu sempre fui muito vaidosa!
A
reconstrução da mama nos ajuda a superar essa perda e fazer foco no que
ganhamos. Eu, por exemplo, ganhei um seio menor (tinha um seio farto) que ficou
mais proporcional ao meu corpo e que deu a sensação que eu fiquei mais esguia;
ganhei um seio mais firme e pude fazer coisas que antes não tinha condição,
como usar vestido tomara-que-caia, colocar roupas sem usar sutiã, poder
exagerar um pouco nos decotes, usar top na academia. Enfim, tudo tem os dois
lados, por mais duro e difícil que seja.
Uma
perda de uma parte do corpo não é apenas uma perda física, mas uma perda
emocional. Uma perda daquela parte do corpo que também fez parte de sua
história de vida. A palavra é forte, mutilação, mas temos que aprender a
enfrentá-la com dor e com coragem. Para isso, cabe uma reflexão: “em uma
situação, por pior que seja, sempre existem ganhos.”
Pense
comigo: quem perde a visão desenvolve o tato. Quem perde a mobilidade de um
lado do corpo com um derrame tem que desenvolver o outro lado para se apoiar
e sobreviver. A cada desafio que enfrentamos, devemos nos perguntar: “O que perdi? O que ganhei?” Quando nos sentimos mutilados, é necessário uma
RECONSTRUÇÃO FÍSICA E EMOCIONAL.
Se
for possível a reconstrução com a prótese, trabalha-se a ideia de que você
perde, mas coloca algo no lugar, o que dá uma sensação de conforto e de maior
aceitação, em um primeiro momento. E essa reconstrução física nos ajuda na
reconstrução emocional. Essa última reconstrução é mais demorada e mais
profunda, porque vai exigir a busca dos nossos valores e do real sentido da
vida. Ela nos leva a fazer foco mais dentro do que fora, ou seja, nos propicia
um encontro mais profundo e significativo com a gente mesmo. Posso afirmar, com
segurança, que foram muitas perdas, mas os meus ganhos foram muito mais
importantes.
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