Hoje,
quero falar sobre algo que abala muito a pessoa com câncer e seus familiares: o
diagnóstico. Quando eu soube que estava com câncer a primeira vez, num primeiro
momento, vi desabar meu mundo e das pessoas de minha família. Chorei, mas a
preocupação era muito mais voltada para meu marido e meus filhos do que para mim.
Fiz foco no que as outras pessoas estavam sentindo e não no que eu estava
sentindo. O medo me bloqueou e desviou minha atenção para fora. Mentalmente, me
dizia que “daria conta” e que iria enfrentar bem, e assim agi, sem me
aprofundar e expressar o que realmente sentia. Na verdade, nem eu mesma sabia
direito o que estava se passando dentro de mim. É impressionante como o medo de
encarar a dor nos faz fugir, de diferentes formas.
Quando
tive câncer em 2009 e precisei retirar as mamas, passei por dois médicos para
ter a certeza de que aquele seria o caminho. Ouvi o mesmo diagnóstico, mas em
versões diferentes. A segunda foi feita pelo Dr.Alfredo Barros que, com um lado
humano muito forte e uma delicadeza impar para conduzir a situação, me auxiliou
muito e me deu segurança e acolhimento no processo de aceitar e encarar o que
estava por vir.
Concluí
que compartilhar a dor com pessoas queridas tem uma importância fundamental e
isso eu vivi de forma muito profunda e verdadeira em 2009, na última reincidência
que tive. No inicio, o medo toma conta da gente e de todos que estão à nossa
volta. Mas, passado o primeiro impacto, cada um arruma uma forma de reagir para
enfrentar.
Dessa
vez, estava mais lúcida e mais fortalecida por toda bagagem acumulada nos anos
anteriores e pelo trabalho emocional vivenciado na terapia. Já sabia
identificar o que queria com facilidade e conseguia pedir a ajuda certa para
pessoa certa, na hora certa. Por isso, foi combinado que tudo seria dividido
entre meu marido e meus dois filhos. Meu filho mais velho me acompanhou em
todos os exames antes da cirurgia, que eram pesados e sofridos, e a situação
estava muito tensa. Meu filho mais novo esteve em todos os após a cirurgia, que
incluíram decisões muito sérias, como fazer ou não a quimioterapia. Os três,
meu marido e meus dois filhos, se dividiram para dormir comigo no hospital. Foi
tudo bem mais fácil e mais leve do que as vezes anteriores.
Meu
marido esteve ao meu lado o tempo todo e foi um companheiro único em tudo que
passei. Conviver com a mutilação de uma parte do corpo tão importante na vida
comum de um casal e conseguir ter a pessoa junto com você, te amando, era tudo
que necessitava para fortalecer minha autoestima. Ir descobrindo aos poucos,
mas de forma consistente, que o que segura a relação a dois é algo maior e mais
forte, que é o amor. O amor é a base que nos fez construir uma convivência de
37 anos e uma família como a que temos. É um presente que ganhei do Universo e
que sou grata a Deus a todo o momento.
Conte
sua história! Como foi receber o diagnóstico? Vamos compartilhar experiências.
Nenhum comentário:
Postar um comentário