quarta-feira, 27 de março de 2013

Diagnóstico


Hoje, quero falar sobre algo que abala muito a pessoa com câncer e seus familiares: o diagnóstico. Quando eu soube que estava com câncer a primeira vez, num primeiro momento, vi desabar meu mundo e das pessoas de minha família. Chorei, mas a preocupação era muito mais voltada para meu marido e meus filhos do que para mim. Fiz foco no que as outras pessoas estavam sentindo e não no que eu estava sentindo. O medo me bloqueou e desviou minha atenção para fora. Mentalmente, me dizia que “daria conta” e que iria enfrentar bem, e assim agi, sem me aprofundar e expressar o que realmente sentia. Na verdade, nem eu mesma sabia direito o que estava se passando dentro de mim. É impressionante como o medo de encarar a dor nos faz fugir, de diferentes formas. 


Quando tive câncer em 2009 e precisei retirar as mamas, passei por dois médicos para ter a certeza de que aquele seria o caminho. Ouvi o mesmo diagnóstico, mas em versões diferentes. A segunda foi feita pelo Dr.Alfredo Barros que, com um lado humano muito forte e uma delicadeza impar para conduzir a situação, me auxiliou muito e me deu segurança e acolhimento no processo de aceitar e encarar o que estava por vir.

Compartilhar


Concluí que compartilhar a dor com pessoas queridas tem uma importância fundamental e isso eu vivi de forma muito profunda e verdadeira em 2009, na última reincidência que tive. No inicio, o medo toma conta da gente e de todos que estão à nossa volta. Mas, passado o primeiro impacto, cada um arruma uma forma de reagir para enfrentar.

Dessa vez, estava mais lúcida e mais fortalecida por toda bagagem acumulada nos anos anteriores e pelo trabalho emocional vivenciado na terapia. Já sabia identificar o que queria com facilidade e conseguia pedir a ajuda certa para pessoa certa, na hora certa. Por isso, foi combinado que tudo seria dividido entre meu marido e meus dois filhos. Meu filho mais velho me acompanhou em todos os exames antes da cirurgia, que eram pesados e sofridos, e a situação estava muito tensa. Meu filho mais novo esteve em todos os após a cirurgia, que incluíram decisões muito sérias, como fazer ou não a quimioterapia. Os três, meu marido e meus dois filhos, se dividiram para dormir comigo no hospital. Foi tudo bem mais fácil e mais leve do que as vezes anteriores.

Meu marido esteve ao meu lado o tempo todo e foi um companheiro único em tudo que passei. Conviver com a mutilação de uma parte do corpo tão importante na vida comum de um casal e conseguir ter a pessoa junto com você, te amando, era tudo que necessitava para fortalecer minha autoestima. Ir descobrindo aos poucos, mas de forma consistente, que o que segura a relação a dois é algo maior e mais forte, que é o amor. O amor é a base que nos fez construir uma convivência de 37 anos e uma família como a que temos. É um presente que ganhei do Universo e que sou grata a Deus a todo o momento.

Conte sua história! Como foi receber o diagnóstico? Vamos compartilhar experiências.

Nenhum comentário:

Postar um comentário