OS SINAIS DA
TRANSFORMAÇÃO DE UMA MUDANÇA DE CICLO
Jamile Magrin Goulart Coelho
Mudança de ciclo, mudança de casa, mudança na forma de
trabalhar, mudança de ano...
Tudo começou com pequenas dores no corpo que foram andando e
tomando conta de mim. Dores fortes que começaram a me impedir de caminhar
naturalmente, de fazer os movimentos com o meu braço direito, que me impediam
de sentar e levantar. Dores que me bloquearam o corpo para que eu pudesse
voltar toda a minha atenção pra dentro de mim.
Era necessário um grande mergulho e para isso era preciso
silêncio, quietude.
Quando eu não conseguia dar conta precisei pedir ajuda,
precisei de humildade, de mostrar-me tremendamente fraca, impossibilitada de
cuidar de meu corpo, de me alimentar, de ficar sozinha em casa e aceitar isso.
Liguei chorando para o Gabriel e pedi ajuda. Ele veio, me ajudou de todas as formas:
tomando providencias práticas ( bengala, suporte para o vaso sanitário,
marcação de médicos, exames) e me levou com ele para sua casa. Ali me cuidou.
Desde o banho, a ajudar me levantar e estes pequenos grandes gestos me
mostraram uma generosidade única, apesar do seu olhar de profunda tristeza ao
me ver assim. A capacidade de doação foi maior que tudo e este cuidar, com
carinho e atenção, fez com que eu me sentisse amparada e segura.
Depois, o Vitor interrompeu seus dias de férias e veio ficar
comigo. Eu estava um pouco melhor, mas ter a sua presença animada conversando ( adoramos interagir),
arrumando tudo, se prontificando a resolver tudo de prático que estava
precisando foi fundamental.
E aquela atitude amorosa, aquele olhar de carinho e proteção
me acolheu e me ajudou nesta segunda etapa. Foi comigo a outros exames,
almoçamos juntos, fazíamos trocas e eu me animava. Até que o diagnóstico
iluminou o caminho e eu pude voltar pra casa.
Este relato mostra como a proximidade de alma com meus
filhos é o meu bem maior e meu coração está repleto de gratidão.
Mas TUDO isso veio por um motivo maior. A necessidade de que
meu corpo se imobilizasse para que eu pudesse refletir e montar o quebra-cabeça
do que realmente estava acontecendo comigo.
Era uma mudança completa que precisava ser realizada e para
isso era necessário uma faxina interior, tirar tudo do lugar, limpar, limpar e
limpar.
Quando cheguei em casa e não sentia nenhuma dor pelo corpo,
eu estranhava. Quase não acreditava e vinha um alívio, uma gratidão por estar
me movimentando e vivendo cada minuto de forma natural. Ao retomar a uma rotina
sem fazer esforço e sentir dor, ela ganhou um significado muito maior. Aí, o
sentimento de gratidão começou a jorrar de dentro de mim e não parou mais.
Comecei a silenciar e os insights das peças do quebra-cabeça
foram chegando a seu tempo.
Esta explosão de inflamação veio muito forte, mas não para
me derrubar. Ela veio para me avisar que eu precisava deste mergulho interno
para me organizar de outra forma por dentro, neste novo ano.
Primeira peça: olhar para os meus 70 anos e aprender a olhar
e aceitar as limitações que virão naturalmente com o tempo e que podem estar
começando agora ou não.
Embora na maioria das situações eu me sinta uma “menina” tamanha
alegria e energia para realizar o que amo, eu precisava que esta “criança” se
aquietasse um pouco e me deixasse refletir mais profundamente sobre o que quero
para mim agora, nesta etapa de vida.
Retomei situações difíceis que vieram com a palavra de meu
crachá no final do ano no Chakra do Coração: PERDÃO. Eu precisava me perdoar de
muitas coisas, eu precisava conseguir viver o momento presente sem estar tão
ligada ao passado, eu precisava deixar ir o que passou para estar no aqui e
agora, inteira. Eu sentia que precisava disso, mas não havia enfrentado com a coragem
necessária para conquistar um novo patamar de consciência.
A doença veio principalmente para esta limpeza de culpa,
para este exercício de desapego do que passou, para que eu possa prosseguir e
cumprir a minha missão agora. Para isso, chorei muito, lavei a alma e sofri
dores internas fortes.
Isto começou a emergir em outubro após meu aniversario e
continuou em novembro, dezembro, culminando com toda força explosiva agora em
janeiro, após a passagem de ano neste primeiro mês de 2020.
Assim, outras pequenas peças deste quebra-cabeça foram se
encaixando e tudo foi ganhando cada vez mais sentido e significado.
Era o terceiro dia em que estava em minha casa sozinha, sem
dor, atendendo online.
Aquela tarde chuvosa foi perfeita para eu alcançar a
quietude necessária para me olhar no espelho, bem no fundo dos olhos e não ver
medo; para fazer uma oração que veio lá do fundo da alma e que fez crescer com
tanta força a minha essência que, naquele momento, não existia nenhum espaço
para o ego.
No outro dia, atendi uma jovem de manhã e senti o quanto
gosto de trabalhar com o despertar de quem está em busca de si mesma, daquilo
que quer fazer na vida e ajudar neste caminhar de vencer os medos e correr
atrás dos sonhos.
Eu não tenho pressa, nem expectativa de nada. Quero caminhar
com leveza, seguindo minha intuição e deixar fluir. Cada oportunidade de
trabalho que chegar, prestar atenção, entender e fazer escolhas alinhadas
comigo por dentro.
Já estou no 11º dia de tratamento, sem dor e me guiando para
trabalhar mais online do que presencial neste momento, fazendo aquilo que amo e
me doando de corpo e alma. A cada trabalho realizado, cresce meu nível de
energia e minha força vital.
Eu sinto que é um novo caminhar. Eu quero confiar e
exercitar a entrega.
Estou me sentindo forte como uma rocha,
leve como o vento,
flexível como a água
e, com a energia potente do fogo, no
coração.
Eu escolho manter ACESA a chama da VIDA.